A continuidade da atividade de fazer arte com criatividade dá sinais de que tem vida longa em Conselheiro Lafaiete. Mesmo em um período tenebroso para a humanidade com o advento da pandemia e particularmente no Brasil, com um linchamento político da Cultura nos últimos anos, uma turma de jovem vai resistindo e submergindo. E um novo filme produzido e rodado na região está sendo concluído.
O curta-metragem “Nada de novo debaixo do sol”, traz um retrato artístico da vida no campo e suas peculiaridades. Produzido em abril de 2022, o primeiro filme realizado pelo lafaietense Pedro Rocha e pelo são-joanense Lucas Alexander, contou com uma ajuda coletiva de mais de 30 colaboradores em apenas quatro dias de filmagem. A obra foi iniciada em 2020 com a pré-produção de mais de um ano até chegar às gravações.

Filmado no período de pandemia e sem incentivos financeiros, o curta-metragem foi realizado por um trabalho coletivo envolvendo estudantes de cinema, trabalhadores locais e até familiares dos produtores, todos motivados pelo desejo de criar uma história e participar de um filme. Realizado em Esmeril, um distrito de Congonhas, o projeto teve a participação de artistas das cidades de Conselheiro Lafaiete, Belo Horizonte, São João del Rei, Congonhas, Tiradentes, Entre Rios de Minas e Ouro Branco.

Regina Bahia, uma das protagonistas do filme, enfatiza: “Foi um trabalho muito interessante, nós fizemos rodas de conversas antes da produção, o que deu um grande enriquecimento, pois podíamos sentir cada ator, cada presença e a modificação dos personagens ao longo do tempo. Trabalhar com essa turminha foi muito bom. Nós aprendemos muito e podemos observar como essa meninada está por dentro do cinema. ”

O produtor Lucas Alexander, relata as condições de uma produção cinematográfica que não usufruía dos benefícios de um patrocínio ou de uma estruturação profissional: “Não vou mentir, foi difícil demais! Acordávamos muito cedo e íamos dormir muito tarde, pois todos tínhamos que voltar aos nossos compromissos e responsabilidades ao fim daquela semana. Não podíamos nos dar ao luxo de descansar”.
O filme
“Uma família do campo passa por uma grande provação de fé ao se deparar com um desafio inesperado”, descreve a sinopse do filme.
“O filme discute a respeito da vida no campo, sobre o nosso “mineiresco” jeito de ser. Foi pensado de forma que possamos olhar para nossa ‘própria horta’, para os nossos problemas que são tão costumeiros, e que se quer damos importância no dia a dia, mas quando acontecem, vai em um piscar de olhos. Quantas pessoas não passam pela mesma situação que Geraldo? Claro, que foi adicionado uma dose de misticismo em sua problemática. Faz parte da magia do cinema”, ressalta o diretor Pedro Rocha
Juventude e experiência

A equipe mescla experiência e vontade de aprender. As estudantes de Cinema e Áudio Visual, Ana Cândida e Monara Montesso foram responsáveis pelas direções de fotografia e som, respectivamente, e com a produção associada de Luísa Mendonça e Rodrigo Meireles, profissional cineasta lafaietense, que acaba de ser premiado com o filme “Morro do Cemitério”.
Para realização do projeto, o diretor tem a colaboração com a trilha sonora do talentoso Tuca Boelsums (ex- Queluz de Minas). O músico reflete sobre seu processo criativo vinculado à obra cinematográfica: “Fazer a trilha foi uma experiência muito “massa”! As paisagens rurais sempre fizeram parte da minha vida, mas trabalhar com som através das imagens foi um processo renovador nas minhas composições.”
E para encorpar ainda mais o projeto, o filme conta com as atuações de Marco Antônio Cruz, ator com larga experiência no ramo teatral, Baltazar da Rocha, e Ramon Ramos estudante universitário de teatro em São João del Rei.
No momento, o projeto está em processo de finalização e aguarda a lei de incentivo Paulo Gustavo para poder ser lançado nas rotas de festivais. A grande ambição dos jovens cineastas é, acima de tudo, apresentar sua arte para a população e fazem menção a Milton Nascimento como justificativa: “Todo artista tem de ir aonde o povo está”.