O mês de março é marcado pelo Dia Mundial da Obesidade (4/3). Em 2022, a campanha coloca em pauta que essa não é uma questão individual, mas de causas complexas, variadas e que precisa de um esforço conjunto para ser superada. Frequentemente, as pessoas com obesidade tendem a enfrentar a doença e o preconceito amplamente associado ao excesso de peso sozinhas. Chegou a hora disso mudar!
As raízes da obesidade
Falar em excesso de peso não é algo tão simples quanto parece. Existe um contexto que vai muito além dos números da balança. Nesse guarda-chuva tão particular, é possível reunir causas genéticas, comportamentais, sociais, culturais, financeiras, políticas e midiáticas.
Em outras palavras: a obesidade tem entre suas raízes a falta ou dificuldade do acesso à uma alimentação saudável, a alimentação baseada em alimentos ultraprocessados, os genes da doença herdados da família, a inatividade física assim como a falta de espaços públicos que incentivem a prática, induzindo o comportamento sedentário excessivo. Os ambientes e locais que as pessoas frequentam podem favorecer ou não a obesidade. Quando favorecem, são chamados de ambientes obesogênicos.
A comercialização e a publicidade de alimentos não saudáveis, como os ultraprocessados, somada à falta de acesso aos alimentos in natura e minimante processados , influenciam o padrão de alimentação das pessoas o que pode favorecer o ganho de peso . Conforme lembra o Guia Alimentar para a População Brasileira, produzido pelo Ministério da Saúde, adotar uma alimentação adequada e saudável não é meramente uma questão de escolha individual. Comerciais em televisão e rádio, anúncios em jornais e revistas, matérias na internet, amostras grátis de produtos, ofertas de brindes, descontos e promoções, disposição de produtos em locais estratégicos dentro dos supermercados e embalagens atraentes são alguns dos exemplos mais frequentes dos mecanismos adotados para a sedução e o convencimento dos consumidores.
O Guia reforça ainda que, com base no que veem nos comerciais, crianças, adolescentes e a população em geral são levados a acreditar que alguns alimentos ultraprocessados têm qualidade superior à dos demais, devido à adição artificial de fibras sintéticas, vitaminas e minerais, ou que tornarão as pessoas mais felizes, atraentes, fortes, “supersaudáveis” e socialmente aceitas, ou que suas calorias seriam necessárias para a prática de esportes, apesar dessas informações não serem verdadeiras.
Além de tudo isso, a obesidade também pode ser relacionada à falta de acesso aos cuidados de saúde Algumas pessoas não conseguem prevenir o ganho excessivo de peso ao longo dos anos, por falta de informação ou de acesso a esses serviços. Outro ponto importante é que o aumento de peso também tem raízes emocionais, afinal cuidar da saúde não é só sobre a parte física. E as doenças de fundo emocional refletem bastante no corpo, incluindo a perda ou o ganho de peso excessivo.
Outros fatores que influenciam a obesidade são: sono desregulado, um fator que provoca desregulação nos hormônios, propiciando o ganho de peso; o uso de medicamentos; ganho de peso excessivo na gravidez; mudança de faixa etária e de ciclo da vida; entre outros.
A falta de informação sobre os determinantes da obesidade levam a estigmatização da doença. Por isso é importante reconhecer a importância dos ambiente saudáveis na promoção de vidas saudáveis.
Mesmo diante da ideia de que o acúmulo de peso é influenciado por diversos fatores, pessoas com obesidade são frequentemente percebidas como responsáveis pelo seu excesso de peso. Enquanto o indivíduo com obesidade é visto como preguiçoso e guloso, o magro é tratado como saudável e de sucesso. E esse tipo de abordagem cria um círculo vicioso.
Ou seja: a pessoa com obesidade pode já estar com alguma questão emocional associada, como ansiedade e depressão, acaba por receber os estímulos externos que a culpabilizam por estar com excesso de peso e tem seu estado emocional e sua autoestima ainda mais afetados. O resultado disso é o agravamento da condição. O que resulta em um maior ganho de peso.
E as pressões sociais, impulsionadas pelos padrões estéticos, possuem um papel importante nisso também. Mas a verdade é que um peso saudável deve ser a consequência de um projeto de qualidade de vida e não uma finalidade restrita a um número na balança ou a um padrão estético inatingível, disseminada pela mídia ou pelas redes sociais.
Trabalho em conjunto para mudar
A partir do momento em que percebemos a raiz do problema como algo muito mais contextual e complexo, estamos encorajando toda a sociedade a se tornarparte da mudança. Não só na forma de enxergar a pessoa com obesidade, reduzindo os estigmas, quanto em melhorar a compreensão sobre a prevenção e o tratamento da doença. Deve ser um trabalho conjunto em direção a um objetivo comum.
Um passo de cada vez! O foco é sempre pensar na qualidade de vida, no bem-estar e em ter como consequência – não o maior objetivo – a perda de peso. Outra forma de prevenir a obesidade é promover o peso saudável desde a gestação até a infância. Essas duas etapas da vida têm uma participação importante no futuro da criança.
O trabalho do SUS no cuidado à obesidade
A porta de entrada preferencial para o Sistema Único de Saúde é a Atenção Primária à Saúde (APS), onde as pessoas com obesidade são identificadas e acolhidas pela equipe multiprofissional nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), que fazem o acompanhamento e , quando necessário, encaminham os usuários para a atenção especializada.
O atendimento na APS vai desde ações de promoção da saúde como a prática de atividade física, grupos de incentivo ao aleitamento materno e à alimentação adequada e saudável e práticas integrativas e complementares de saúde, como yoga e acupuntura, até a identificação das pessoas com obesidade pelos agentes comunitários e profissionais de saúde e as consultas realizadas pela equipe, focando nos desafios e estratégias de cuidado de maneira individualizada.
Saúde Brasil
Ministério da Saúde