Lembram do meu amiguinho de 4 anos que me fez uma visita? Clique aqui e relembre.
Volto hoje à essa figurinha para falar um pouco de crianças espertas e levadas. Já esclarecendo que quando falo isso, não quero dizer mal-educadas: essas estão para além da minha capacidade de convivência. Mas com as levadas, tenho experiência uma vez que produzimos uma, meu marido e eu.
É importante dizer que meu amiguinho visitante é muito bem-educado. É apenas levado da breca, como diria minha avó. É também extremamente observador.
Depois do seu comentário sobre minha “riqueza” por causa de meus muitos livros, decidimos ir para o quarto para que pudéssemos assistir um pouco de TV. Sua mãe estava ocupada e ficou a meu encargo cuidar dele que, muito solícito, me informou seu desenho predileto dizendo: “Bem que eu queria assistir Patrulha Canina”.
Não me fiz de rogada e rapidamente estávamos aboletados no quarto assistindo à tal patrulha. O interessante foi observar a preocupação enorme da mãe por ter que deixar seu mini-levadinho sob meus cuidados.
Fez-me tanto lembrar dos meus tempos de maternidade de criança pequena e arteira. Dividimos, eu e ela, o mesmo sentimento de que estamos incomodando até mesmo em situações corriqueiras quando trazemos conosco nossos filhos.
Fico me perguntando quando foi que, enquanto sociedade, perdemos o hábito de conviver com crianças, que são naturalmente inquiridoras, agitadas, “perguntadeiras”. Ou seja: quando foi que perdemos o hábito de convivermos com crianças normais ao ponto de mães e pais sentirem seus filhos inadequados para o convívio com outros pelo medo de incomodar.
Alheio aos nossos pensamentos de adultos, após uns dois episódios de desenho, meu amiguinho vira para mim e fala:
“Eu devia ter comido meu miojinho antes de vir para cá”.
Acho extremamente pitoresca e educada a maneira que meu pequeno visitante escolhe para me informar que está com fome. Não pede nada porque certamente foi ensinado por seus pais que isso é falta de educação.
“Você quer biscoito de polvilho e Nescau?”
“Eu quero!”
Assim nos pusemos a comer. Além de educado, meu amiguinho tem um apetite voraz por biscoitos – mas o pão de queijo, para minha tristeza, ele cheirou e disse que achava que tinha um cheiro esquisito. É um mineirinho que ainda não se encantou por essa delícia, vejam só.
Para todos dou a notícia de que ficamos muito bem até a hora de ir embora. E ainda ouvi-o dizer para a mãe quando estava voltando para casa:
“Como eu vou viver sem a Érica?”
Não precisa se preocupar, amiguinho. Amizade verdadeira é para sempre!
Profa. Érica Araújo Castro
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