Casos de violência sexual contra crianças e adolescentes em Conselheiro Lafaiete e região ocorrem com mais frequência do que se imagina. A afirmação foi feita por Bethânia Maria Barbosa Bianchetti, titular da Delegacia da Mulher. Segundo ela, abusos sexuais são constantemente reportados, embora a prática de maus tratos constitua o crime mais recorrente.
Esta semana o Fato Real publica uma reportagem em série sobre o tema. Ontem foi ao ar e causou bastante repercussão o caso de um garotinho de 03 anos que sofreu abuso sexual em Lafaiete no último fim de semana.
Dificuldade de apuração

A apuração de denúncias de violência sexual, conforme explicou a delegada Bethânia Maria Barbosa Bianchetti, é complexa e a dificuldade consiste em caracterizar a materialidade do delito: “O caso recente do Espírito Santo ganhou repercussão nacional porque a menina acabou engravidando em consequência do estupro. Houve, portanto, a confirmação inequívoca do abuso sexual, o que, normalmente, é até difícil de determinar. Quando o cometimento da violência não resulta em gravidez ou não deixa marcas físicas perceptíveis, muitas vezes o fato sequer chega ao conhecimento de outras pessoas. Mas isso não significa que isso não aconteça na cidade e região. Temos aqui muitos casos de violência sexual e outros tipos de violência contra crianças e adolescentes”.
Abusador dentro de casa
Conforme a delegada Betânia Bianchetti, abusos sexuais contra crianças e adolescentes são cometidos indiscriminadamente e afetam meninos e meninas em qualquer faixa etária, de zero a 18 anos. Outra constatação preocupante é que o abusador quase sempre está muito próximo da vítima e convive cotidianamente com ela no ambiente familiar: “Infelizmente, esta é uma realidade e a grande maioria dos crimes que investigamos é cometida por pessoas muito próximas que se aproveitam dos laços sanguíneos e da confiança por parte do menor e de seus genitores ou responsáveis. Os abusadores, muitas vezes, são cuidadores, tios, padrastos e até mesmo pais biológicos da criança ou adolescente”.
Criança abusada dá sinais
A delegada Betânia Bianchetti ressalta que existem maneiras de impedir que o abuso fique impune ou venha a se repetir. É preciso estar atento à mudança de comportamento da criança, dar crédito quando ela se queixar de abordagens suspeitas e denunciar a prática do delito assim que for descoberta: “A criança começa a dar sinais de estar sofrendo algum tipo de constrangimento. Às vezes, ela fica chorosa sem nenhum motivo aparente e muda bruscamente de humor. Ela se mostra retraída e, de uma hora pra outra, evita deliberadamente o contato com determinada pessoa. No início, será difícil pra ela dizer o que está acontecendo. Num primeiro momento, pode ser até que ela não se dê conta de que está sendo abusada; o próprio agressor faz parecer que aquilo seja uma situação normal. Até chegar à conclusão de que o que estão fazendo com ela é errado e compreender a gravidade do que está acontecendo, a criança vai guardar aquilo pra si. É preciso carinho e cautela pra convencê-la a se abrir e falar do problema”.
Denuncie
As denúncias de casos de maus-tratos e negligência a crianças e adolescentes podem ser feitas aos Conselhos Tutelares, às Polícias Civil (3769-1227) e Militar (190) e ao Ministério Público, podendo ser noticiadas também aos serviços de disque-denúncia (Disque 100 – nacional).