
A desativação do prédio da Escola Meridional dominou os debates durante sessão ordinária realizada nesta terça-feira 10/03 na Câmara Municipal de Conselheiro Lafaiete.
Ao fazer uso da “Palavra Franca”, Divino Pereira (PSL), disse que não acredita na Companhia Vale, dona do terreno onde se situa a escola. Para ele, a ação que resultou na suspensão das atividades escolares por conta do risco de instabilidade da pilha de rejeitos de manganês foi prejudicada pela falta de planejamento: “É um absurdo fechar a escola e deixar 600 meninos sem aulas. Onde eles vão estudar agora? Na Vale? Tinham de ter chamado o prefeito, o vice-prefeito, os vereadores, moradores e as famílias das crianças. É igual ao que aconteceu quando disseram que a represa ia estourar. Eu disse que, se algum dia, o mundo arrasasse em água, a represa poderia chegar ao Morro da Mina. O que está no papel não me convence. Quero ir lá ver o que está acontecendo”. Como o vereador Divino Pereira mora no bairro Morro da Mina, não deve ser difícil para ele ir até o local fazer a verificação que deseja.
Chico Paulo (PT) sugeriu à Mesa Diretora da Câmara que nomeie uma comissão especial para acompanhar os desdobramentos da suspensão das aulas na Escola Meridional. Em resposta, o vereador André Menezes (PR), que presidiu a sessão desta terça, explicou que, em razão da urgência requerida pela situação, a Comissão de Educação do Legislativo vem monitorando, desde o início da semana, as discussões e providências adotadas. André Menezes foi criticado no inicio da semana, quando vazou um áudio onde ele fala de algumas possibilidades de alocação dos estudantes. Algumas mães de alunos entenderam que ele estava dizendo que as turmas seriam separadas em espaços diferentes, causando um ruído na comunicação.
Pedro Américo (também do PT) acusou a Vale de estar ocultando as reais intenções ao alertar sobre o aumento do nível de risco da pilha de rejeitos de manganês; o parlamentar sustentou que a mineradora teria interesses econômicos e pretenderia explorar o terreno onde se situa a escola.Outros parlamentares recomendaram cautela até que se tenha melhor compreensão do que está ocorrendo.
Ouvido na manhã desta quarta-feira (11) pela jornalista Gina Costa no “Jornal Falado Carijós”, o vereador Geraldo Lafayette (PP) disse que o Legislativo acompanha o desenrolar dos fatos em busca de informações seguras: “A Vale vem fazendo um monte de promessas e o Ministério Público fala em firmar um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) para que estas promessas sejam de fato cumpridas. Nós vereadores estamos tentando colher informações exatas, sem nenhuma camuflagem, para não ficarmos na superficialidade dos fatos. Há especulações de que a companhia tem interesse na interdição porque quer demolir o prédio da escola. A partir do momento em que tivermos acesso ao laudo que embasou a suspensão das aulas, iremos informar, já que nosso papel é representar o povo de Lafaiete”.

A expectativa é de que, nas próximas horas, seja definido o local que abrigará provisoriamente os alunos da Escola Meridional.
Uma comissão de pais foi formada para acompanhar os trabalhos. De acordo com a promotora de Justiça Liliale Ferrarezi Fagundes, o Ministério Público também fará reunião ainda esta semana a fim de formalizar as cláusulas do acordo firmado entre a Administração Municipal e a Vale.
O encontro contará com a presença de representantes da empresa, da Promotoria e da comissão de pais.