Há anos vejo as águas do Rio Bananeiras adentrar a minha casa situada a Rua José Carneiro no Bairro Carijós. São anos perdendo móveis. Mas, não são apenas móveis, são sonhos e resultados de lutas e muito trabalho.
Fico me perguntando até quando?
Todo início de ano é a mesma história e ninguém faz nada.
Em 2012, logo após vários anos sem ver minha casa cheia daquela água barrenta, mais uma vez fomos surpreendidos com o rio novamente adentrando nossa casa. Nem mesmo a presença da sede da Amalpa fez algo mudar em nossas vidas. Doce ilusão. Ninguém olha por nós.
Esse início de ano, mais uma vez… duas…três… simplesmente avisos… “Olha o nível do rio vai aumentar”. “Vai chegar um volume grande de água. Se preparem!” E mais uma vez o rio vem, entra, faz seus estragos, sai e ninguém te dá uma solução.
Cadê os governantes, políticos? Ninguém… só lamentos. Isso não muda nada. Pedir voto é fácil, fazer valer esse voto não fazem. Receber nosso IPTU a prefeitura quer. Mas, como resolver o problema?
Vemos um rio sujo, com muito mato em volta, estreitando suas margens e nada é feito. Várias reivindicações foram feitas para solucionar essas enchentes. Mas nada, nada é feito.
E na verdade parece que a culpa é nossa. “Porque vocês não saem dessa casa? Vendem? Alugam?” Isso é o que temos que escutar ainda. Você passa dificuldades para construir uma casa, um sonho. Mas você tem culpa de construir num lugar que vem a enchente para carregar e destruir seus sonhos. E que valor isso tem para as outras pessoas? Vender a preço de banana só para combinar com o nome do rio Bananeiras.
E ficamos assim, aguardando que venha o rio novamente, levar nosso sono, nossas lutas, nosso suor, nossos sonhos. Porque no fim ninguém nunca faz nada.
Tatiane Lelis
Moradora da rua José Carneiro
Conselheiro Lafaiete
