
O titular da Vara de Execuções Criminais da Comarca de Conselheiro Lafaiete, juiz Paulo Roberto da Silva, presidiu nesta quarta-feira 09/10 Audiência de Instrução e Julgamento do caso Mateus Leroy, acusado de estelionato e abandono de capaz.
Desta vez o réu também foi ouvido. Teores de depoimentos anteriores, somados ao do próprio pai do garotinho João Miguel, induzem a um perfil de uma pessoa com conflitos familiares e religiosos, associados ao uso de drogas e um quadro de depressão.
A irmã, Carla Leroy descreveu o irmão como alguém totalmente comprometido com a mulher e os filhos até o momento em que sua vida virou de cabeça pra baixo. Contudo, confirmou que ele havia sido usuário de drogas na adolescência e sofreu uma recaída no vício nos últimos anos. Carla Juliana também definiu Mateus Leroy como profundamente religioso, por vezes radical nas interpretações que fazia do catolicismo.
Um momento diferenciado na Audiência foi quando Carla, que prestou depoimento com a filha recém nascida nos braços, pediu permissão ao Juiz (concedida) para que mostrasse a sobrinha para o irmão, que se emocionou e pediu que Deus abençoasse a criança.
Droga e extorsão
Durante depoimento Mateus Henrique Leroy Alves, se mostrou visivelmente emotivo, ao contrário das aparições anteriores desde que foi preso, e chorou diversas vezes. O pai de João Miguel reconheceu ter cometido um grave erro e disse que sua derrocada moral começou com a recaída no vício das drogas quando passou uma temporada em Belo Horizonte. Os gerentes da boca de fumo teriam descoberto a campanha que arrecadava recursos para o tratamento do pequeno João Miguel e passaram a extorqui-lo. As intimidações incluiriam ameaças de morte e até exibição de fotos tiradas pelos bandidos nas proximidades da residência da família em Lafaiete, segundo o réu. Pressionado por ameaças aos familiares e Mateus passou a dar grandes somas em dinheiro aos traficantes.
Bahia

O réu justificou a fuga para a Bahia com o argumento de que, se ficasse afastado, os riscos para a mulher e os filhos poderiam diminuir e até cessar. Porém, longe de casa, foi atraído pelos prazeres oferecidos por “um mundo ilusório” de prostituição, cercado de garotas de programa e ostentação.
Arrependimento

Ao resumir a situação em que deixou sua família e ele próprio se encontra, Mateus Leroy demonstrou arrependimento por haver destruído um casamento de 17 anos e ter colocado em risco a sobrevivência do próprio filho. Quando o juiz perguntou se ele estava arrependido do que fez, respondeu: “Arrependimento, não tem balança que pese. Destruí minha família por motivo fútil e ilusório”, afirmou.
Sentença
Devido à complexidade do caso e a quantidade de documentos que existem para serem analisados, não foi possível concluir o julgamento nesta semana. Antes, é preciso haver a manifestação das partes. Acusação e assistência da acusação terão cinco dias de prazo, a contar desta quinta-feira (10), para apresentar as alegações finais. Depois, a defesa também se manifesta no prazo de cinco dias e o processo volta para o juiz Dr.Paulo Roberto da Silva que, no prazo de 10 dias possa prolatar a sentença.
Leia também: Sentença de Mateus Leroy, o pai de João Miguel, deve sair em novembro