Medida adotada pela Gerdau na semana passada pode contribuir para o aumento do desemprego na região. Na última quinta-feira (03/10), a siderúrgica dispensou os serviços de diversos caminhoneiros residentes em Conselheiro Lafaiete, Ouro Branco, Congonhas e Entre Rios de Minas. A informação causou uma reação dos transportadores autônomos de minério da região. A alegação oficial é uma suposta falta de produtividade e a grave crise econômica que o país atravessa. Porém, os caminhoneiros afirmam que o verdadeiro objetivo da siderúrgica é transferir o serviço para empresas estabelecidas em Belo Horizonte, isso significa, além do aumento do desemprego no Alto Paraopeba, queda na arrecadação tributária local.

Nos últimos dias caminhoneiros estão mobilizando em manifestações contra a Gerdau. Na semana passada, dezenas de caminhões permaneceram parados às margens da BR-040, em frente ao restaurante Zé Dias. Nesta segunda-feira 07/10 eles voltaram a se manifestar em frente a sede da empresa Tora Transportes, apontado pelos profissionais como parceira da Gerdau nesta decisão.

Em entrevista ao programa “Participovo”, ancorado pelos apresentadores Márcio Elias e Hilton Ferreira na rádio Difusora de Congonhas, um dos caminhoneiros, falou sobre os objetivos do movimento: “As grandes empresas (e a Gerdau em particular) estão se articulando para tirar nosso ganha-pão, acabar com o meio de trabalho dos cerca de 300 a 500 caminhões terceirizados que atuam na região. Há grandes empresas procurando meios de abarcar este serviço e tirar o nosso sustento. A Gerdau chegou a sugerir às transportadoras de Congonhas que limitem o fluxo dos caminhões de terceiros a apenas dois dias, permanecendo o restante da semana parados. Enquanto isso, as empresas de fora fariam o trabalho sem restrições”. Os caminhoneiros reivindicam igualdade nas oportunidades de trabalho e tratamento humanitário por parte da siderúrgica Gerdau: “Hoje, o motorista terceirizado é obrigado a aguardar sete, oito horas pra entregar uma carga, enquanto as grandes empresas têm prioridade e demoram apenas 10 minutos pra fazer o mesmo serviço. O motorista chega a ficar 14 horas dentro da mina, sem direito a descer do caminhão nem mesmo para fazer necessidades fisiológicas. Essa pressão que fazem sobre o motorista ou o dono do caminhão é pra que ele peça pra sair, ou seja: ao invés de falar com você, a Gerdau tira suas condições de trabalho até você pedir pra sair”, afirmou o caminhoneiro conhecido como Dudu.
Em nome da liderança dos caminhoneiros, Dudu pediu a solidariedade das autoridades locais à luta da categoria. Em resposta, recebeu o apoio imediato do prefeito de Congonhas, José de Freitas Cordeiro – o Zelinho, que já abriu espaço na sua agenda para receber os profissionais autônomos em seu gabinete a fim de, juntos, encontrarem uma solução negociada para o impasse.
Na Câmara Municipal de Congonhas um representante dos caminhoneiros terá oportunidade de usar a tribuna para falar sobre o assunto na reunião desta terça-feira (08) às 19h.
Empresas
O Fato Real solicitou informação junto à Gerdau sobre a denúncia, mas, ainda na obteve resposta.
Já a empresa Tora Transportes Ltda, em nota oficial afirma as informações veiculadas nos últimos dias na região de Congonhas referentes à diminuição do número de motoristas autônomos contratados por parte da empresa não são verdadeiras.
Confira a nota na íntegra
Tora Transportes desmente boatos sobre redução em seu quadro de motoristas na região de Congonhas
A Tora Transportes Ltda, empresa mineira, fundada há 47 anos, esclarece que as informações veiculadas nos últimos dias na região de Congonhas referentes à diminuição do número de motoristas autônomos contratados por parte da empresa não são verdadeiras.
A empresa informa que não houve nenhuma redução do seu quadro de pessoal alocado ao contrato de prestação de serviços com a Gerdau. Atualmente a Tora emprega 157 pessoas em regime CLT, todas elas residentes na região de Congonhas.
A Tora Transportes é parceira da Gerdau há mais de 30 anos e há mais de 5 anos atua na operação de transporte de minério em Congonhas com frota própria e motoristas agregados.
Em todas as regiões em que atua, a Tora prioriza a contratação de colaboradores e fornecedores locais, pois acredita no desenvolvimento sustentável e mútuo. E reafirma aqui seu compromisso com o diálogo e transparência junto às comunidades onde atua.