Foi realizada na tarde desta quarta-feira (02/10) a Audiência de Instrução e Julgamento do caso Mateus Leroy. No dia 22 de julho, o pai do pequeno João Miguel, bebê portador da AME (Atrofia Muscular Espinhal), revoltou o país inteiro e a cidade de Conselheiro Lafaiete em particular ao ser preso em um hotel de luxo em Salvador (BA) depois de fugir com parte do dinheiro arrecadado em campanhas para custear o tratamento da doença do filho.

O Fato Real acompanhou toda a audiência, ouviu os depoimentos e o titular da 2ª Vara Criminal e de Execuções Penais de Conselheiro Lafaiete, juiz Paulo Roberto da Silva, que esclareceu como o caso em questão não é tipificado como crime doloso contra a vida (como homicídio e tentativa de assassinato, por exemplo), a Audiência de Instrução e Julgamento dispensa a convocação do Tribunal do Júri, sendo realizado na própria sala do juiz, que é quem profere a decisão final nesta etapa: “Depois que são ouvidas as testemunhas de acusação e defesa, o réu é interrogado e as partes se manifestam com base nas provas produzidas, apresentando cada uma os próprios argumentos a favor da acusação ou da absolvição. É depois disso que o juiz profere a sentença e decide. Porém, um caso como o de hoje tem muitos fatos a serem anotados, apurados e analisados, ficando praticamente impossível que o julgamento se concentre num dia só”, explicou o magistrado.
Depoimentos
Nesta quarta-feira foram ouvidas quase todas as testemunhas de defesa e acusação, entre elas a esposa de Mateus, Karine Rodrigues Avelino; o delegado Daniel Gomes de Oliveira, a voluntária na campanha “AME João Miguel, Fabiana de Paula Araújo e a diretora da Comunidade Terapêutica Bom Pastor, Maria Célia Rabelo Rievers.
Ministério Público e Defesa ouviram relatos de pessoas sobre a campanha, a personalidade de Mateus e sobre seus atos. Os fatos já tornados públicos foram repassados com detalhes e mais uma vez ficou evidenciado que Mateus Leroy surpreendeu a todos. O acusado passou praticamente todo o tempo de cabeça baixa, sem expressão que revelasse seus pensamentos. No entanto se emocionou e chorou durante depoimento da ex-colega de trabalho e de um amigo que enalteceram sua conduta profissional, familiar e religiosa.
Não falou

Uma testemunha arrolada pelos advogados de defesa, Carla Leroy, irmã de Mateus, não compareceu alegando problemas de saúde (teve filho recentemente). Por este motivo o réu não foi interrogado, momento mais aguardado da Audiência. Conforme explicou o juiz Paulo Roberto da Silva, o réu só pode ser interrogado depois que todas as testemunhas são ouvidas.
O depoimento da testemunha foi remarcado para a próxima semana. Em seguida, Mateus Leroy será ouvido e passa a contar o prazo de 10 dias para que as partes se manifestem. Terminado este período, o ritual de tramitação do processo oferece mais 10 dias de prazo para que o juiz anuncie a sentença.