
O caso de Christiane Ribeiro, dada como desaparecida em Conselheiro Lafaiete na última terça-feira (13/08) e localizada menos de 30 horas depois em Timóteo, no Vale do Aço, suscitou na cidade ampla repercussão. A breve nota publicada nas redes sociais pelo Portal de Notícias Fato Real confirmando o reaparecimento de Christiane provocou a reação, traduzida em milhares de visualizações, curtidas e compartilhamentos. Nos comentários, os internautas ainda pedem detalhes sobre o ressurgimento da jovem e as razões pelas quais ela saiu de casa sem dar satisfações, sendo novamente encontrada a 400 quilômetros de distância. Nós não temos esta resposta para dar.
O fato que mereceu destaque nesta semana tem se tornado corriqueiro em Lafaiete. Assim como o comportamento daqueles que antes ávidos por procura da imprensa, após aparecimento de seus familiares se calam. Desesperadas diante da falta de notícias sobre parentes é comum as famílias mobilizarem a imprensa e a sociedade como um todo, que de imediato por meio de reportagens ou reproduções dos apelos se solidarizam e contribuem como podem. Porém, tão logo os “desaparecidos” voltam ou são descobertos os paradeiros deles os familiares mudam de atitude: optam pelo absoluto recolhimento e a imprensa toma conhecimento do desfecho da história por fontes extraoficiais. Já teve caso em que o “desaparecido” ameaçou processar o site por tê-lo exposto! Também já houve episódio em que envergonhados do desfecho da história parentes pediram para tirar a matéria do ar.
No caso específico de Christiane Ribeiro a Polícia Civil, em um curto comunicado oficial, restringe-se a informar que investigou o caso e que as apurações foram bem-sucedidas graças ao apoio da sociedade.
Na maioria das vezes, ao sumir de casa sem deixar pistas que possam identificar o seu paradeiro, as pessoas agem movidas por questões de foro íntimo que, na opinião de muitos, não devem interessar a ninguém; e ficar especulando é mera curiosidade ou vontade de julgar o comportamento alheio. Você preferia que ela não tivesse aparecido? Eu prefiro que ela apareça do que ficar especulando. Você quer que ela apareça ou que fale o que estava fazendo? São tantas as opiniões e argumentos…
Por outro lado, há aqueles que entendem que por mais pessoais que sejam os motivos que levam alguém a se ausentar de seu lar e convívio familiar e social, quando esta situação é tornada pública, mobiliza imprensa, polícia e a sociedade como um todo, é necessário uma explicação. Caso contrário, corre-se o risco de fatos como estes se tornarem tão banais que quando alguém precisar realmente de ajuda, ela não acontecer.
Os tantos casos de desaparecimentos com reaparecimentos em seguida noticiados pela imprensa local nos últimos meses remetem a questionamentos: Será que as famílias não estão se precipitando ao dar como desaparecidas pessoas que se ausentam por vontade própria? Será que o ser humano anda tão irresponsável com os seus semelhantes que não pensa no sofrimento de um pai, uma mãe, esposa, marido, filhos, que ficam sem notícia? Será que a humanidade anda tão sufocante que às vezes alguém tem vontade simplesmente de sumir? A depressão leva pessoas a agirem desta forma? Em qualquer que seja a hipótese uma coisa é certa: A comunicação hoje é facilitada. É possível (com raríssimas exceções) falar com alguém, pedir ajuda, mandar um recado.
O silêncio antes, durante e depois de casos assim estão levando a cidade a ver como banal uma situação que pode se mostrar gravíssima.
