A ampliação das atividades da mineradora Ferro+ em Congonhas, voltou a acender o alerta sobre os impactos da mineração no município, que já convive com graves problemas ambientais e sociais. O tema foi discutido nessa quarta-feira (24/09) em audiência pública da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
Cidade sob pressão da mineração
Cerca de 40% do território de Congonhas já está ocupado por mineradoras. A cidade convive há anos com a piora da qualidade do ar provocada pela poeira das minas e pelo intenso tráfego de caminhões. Também sofre com a destruição de seus mananciais de água. Dois deles já foram poluídos e o terceiro, João Batista, pode ser comprometido caso o projeto de expansão seja aprovado.
O novo plano da Ferro+ prevê extração em lavra a céu aberto, disposição de rejeitos em pilhas e aproveitamento de minério depositado em cavas já existentes. Se aprovado, o empreendimento avançará até 150 metros das casas da comunidade dos Pires, fundada há mais de 200 anos.
Vozes da comunidade
Representante de 50 famílias do Bairro Pires, Marlene de Souza Alves relatou que os moradores vivem diariamente sob a poeira das minas, além do barulho de explosões e do tráfego da BR-040. Segundo ela, crianças e idosos já apresentam problemas de saúde. “Antes mesmo da ampliação já sentimos os impactos. Imagine quando as máquinas estiverem ao lado das nossas casas” alertou.
Alertas políticos
Autora do requerimento da audiência, a deputada Beatriz Cerqueira (PT) denunciou a falta de respeito às comunidades atingidas e questionou a ausência de diálogo real no processo de licenciamento. Ela anunciou que levará as denúncias ao Ministério Público e cobrará investigação sobre outorgas e licenças da mineradora.
O presidente da Câmara Municipal, vereador Averaldo Pereira da Silva, foi direto ao afirmar que Congonhas não suporta mais a expansão da mineração sem que antes sejam resolvidos os danos acumulados. Ele destacou que a continuidade desse modelo pode “matar a população local”. Citou ainda estudo da UFMG que aponta a inviabilidade de se viver em Congonhas nas atuais condições.
Mineradora se defende
A gerente de comunicação e relacionamento da Ferro+, Thereza Balbi, disse que a empresa busca diálogo e que atua há mais de 50 anos com ética. Informou que a operação produz 4,5 milhões de toneladas por ano, gera mil empregos diretos e nove mil indiretos, e investe em ações sociais nas comunidades.
O gerente de meio ambiente, Thiago Maciel, defendeu a ampliação como forma de permitir a recomposição de áreas lavradas. Ele garantiu que a visada da Serra dos Pires será preservada e que haverá compromisso com reposição hídrica.