A Câmara Municipal de Conselheiro Lafaiete aprovou a realização de uma audiência pública para discutir os impactos da Carijós Mineração S.A. na cidade. O debate ganhou força na última reunião do Legislativo (22/09). A audiência foi proposta em requerimento apresentado pela vereadora Cida Toledo e aprovado por todos vereadores. A data ainda não foi definida.
A principal preocupação está na rota de escoamento do minério, que pode atingir a zona rural de Itaverava, Santana dos Montes e Lafaiete.
A empresa pretende utilizar a estrada de São Vicente, em Lafaiete, para acessar a BR-040. Em agosto foi realizada uma reunião pública entre os moradores da comunidade rural e os representantes da Mineradora, quando os moradores reagiram negativamente à proposta, com receio em relação a segurança e impactos nas estruturas das residências, além das condições da estrada que não suportaria esse tipo de fluxo de veículo.
A vereadora Cida Toledo destacou que o problema não está apenas na exploração, mas no transporte pesado que passará por comunidades locais. Ela lembrou que o município de Lafaiete não receberá arrecadação com a atividade, já que a cobrança de impostos ficará restrita a Itaverava e Santana dos Montes. Segundo a vereadora, a proposta inicial era escoar a produção por Buarque de Macedo, mas a comunidade conseguiu impedir após reunião com a empresa. Para a parlamentar, é inviável que Lafaiete arque com prejuízos em suas estradas sem qualquer benefício direto. “A comunidade de São Vicente está preocupada e com razão. Não podemos ser atingidos por uma situação que não nos traz vantagens, mas que pode destruir nossas vias”, afirmou.
O vereador João Paulo também defendeu a necessidade de contrapartidas. Ele lembrou que, na prática, será difícil impedir a passagem de caminhões pesados, mas cobrou garantias para manutenção das estradas. “Infelizmente não teremos o poder de barrar. Por isso é fundamental que a empresa arque com os custos da manutenção, porque o município não pode assumir esse ônus sozinho”, declarou.
Já o vereador Roger Diego reforçou a importância de fiscalizar as condicionantes impostas à mineradora e de buscar soluções conjuntas para o tráfego pesado. Ele citou como alternativa estrutural a construção da perimetral de Lafaiete, que poderia desviar carretas e aliviar comunidades. “Se a empresa utilizar nossas estradas, tem que deixar também os bônus. Não podemos ficar apenas com os prejuízos”, disse.
O Projeto Água Limpa prevê a extração de 550 mil toneladas de minério de ferro por ano, com vida útil estimada de 10 anos. O processo de beneficiamento será a seco, sem barragens de rejeito.