Perdemos uma amiga muito especial alguns dias atrás, cuja chegada na idade adulta acompanhamos juntos, nossa turma de amigos aqui de Lafaiete e eu. O nome dela: Fernanda.
Ela esteve conosco em muitos momentos. Como sempre digo, testemunhou muitas de nossas perdas e vitórias, e nós as dela. Estávamos juntos quando Seu Fred, o pai da Fefê, se foi depois de uma longa doença degenerativa durante a qual ela foi sua principal cuidadora; acompanhamos a desistência da faculdade de farmácia e seu encontro amoroso com as Letras. Estivemos juntos em muitos shows de rock e heavy metal, quer a Achilles, minha banda, estivesse tocando ou não.
Éramos uma verdadeira turma inseparável, uns 8 amigos. Onde vinha um, logo, logo chegavam os demais.
Ela estava comigo na segunda vez em que entrei em um terreiro de Umbanda, dez anos atrás. Na primeira estávamos apenas meu marido e eu. Frequentamos juntos, vários dos amigos mais próximos, e fundamos nosso grupo de estudos da religião.
Tivemos experiências religiosas que alguns chamariam de sobrenaturais, mas que para nós foram lindas vivências e são, até hoje, parte importante do que cremos.
Ela e eu rimos juntas, choramos juntas, cantamos juntas. Fefê amava os filmes da Disney, especialmente Pocahontas, e cantava a música tema com aquela voz suave, afinada e linda ao ponto de me levar às lágrimas na casa do Mário, na primeira vez que ouvi.
São muitas e muitas memórias da nossa sapeca que gostava de pregar peças e dar sustos.
Fernanda tinha uma fé inabalável.
E creio que ainda tem.
Porque para mim, ela não morreu de fato. Apenas abandonou a casca adoentada e marcada que se tornou seu corpo e virou borboleta.
Como tal, revoou de nossa dimensão, de volta para Aruanda, onde todos, no tempo certo, iremos nos reencontrar.
Profa. Érica
@ProfaEricaCL